É com O Sentir do Direito que deparam todos aqueles que são estudantes junto do Senhor Dr. José Tavares de Sousa. Nas suas lições, muito especialmente na sala de aula, o Direito é sempre experimentado com uma distinta sensibilidade para a dimensão humana dos conflitos que lhe cumpre resolver. O essencial nunca é perdido de vista: que o Direito é uma possibilidade dada ao ser humano, e por isso deve ser colocada a respectivo serviço; que o ser humano - e, por maioria de razão, aquele que faz do estudo do Direito profissão, ainda mais quando a nível universitário -, ao demitir-se do uso dessa sua faculdade, ou ao colocá-la ao serviço de fins que não os maiores a que se pode propor, cria a mala bestia que acaba por o destruir; e que a realização do Direito supõe um ethos próprio por parte do jurista, predisposto a deixar-se tocar e envolver pela missão que a comunidade lhe confia. Por isso, não deve o jurista perder de vista qual a causa e qual o fim da sua função. A certa altura, ouvimos a Senhor Dr. José Tavares de Sousa que bem ficaria colocado em posição de destaque, algures no largo átrio da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, o fragmento de Hermogeniano que o Digesto recolhe em 1, 5, 2: «(...) hominum causa omne ius constitutum sit (...)»/ «(...) todo o Direito se constituiu para a pessoa humana (...)». Ocorre dizer, porém, que, nesses vinte anos de ensino do Senhor Dr. José Tavares de Sousa na Faculdade de Direito, não foi necessária uma semelhante inscrição: com efeito, não precisavam então os estudantes de ver gravado na pedra o que lhes era realidade viva.